Cristo disse a um mundo cheio de crueldade e ignorância: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora" (João, 16-.12). Kirtananda Maharaja, o filho de um pastor batista, explica como a Consciência de Krishna enriqueceu a sua compreensão dos ensinamentos de Cristo.
- De que forma mudou a sua compreensão de Jesus Cristo?
- Pela primeira vez sinto ter uma compreensão verdadeira de Jesus Cristo. Anteriormente fui ensinado que Cristo competia com todos os outros mestres religiosos e que, se eu quisesse ser um cristão, teria de condenar a todos eles. De outro lado, a Consciência de Krishna condena somente aqueles que negam Deus. Consideramos Jesus Cristo o filho perfeito de Deus, que, como tal, está fazendo o trabalho do Pai. Assim sendo, não é de se surpreender que existia uma similiaridade entre o Novo Testamento de Jesus Cristo e o
Bhagavad-Gītā do Senhor Krishna. Existe, também, uma semelhança óbvia entre a palavra grega
Christos e a sânscrita
Krishna.
- Então não existe diferença básica alguma?
- Não, de espécie alguma. Jesus Cristo disse para amar a Deus e Krishna afirma o mesmo. Qual, então, a diferença? Jesus Cristo disse para amar o Pai e Krishna afirma: "Ó filho de Kunti, deve-se compreender que todas as espécies de vida aparecem devido a seu nascimento nesta natureza material, e que Eu sou o Pai que dá a semente" (Bg. 14.4). Portanto, não há contradição quando Jesus Cristo diz "Ama o Pai" e Krishna diz "Ama-me".
- Como pode a Consciência de Krishnna se afirmar não-sectária?
- Na matemática , dois mais dois é igual a 4, e esta equação mostra-se real, independentemente do livro de matemática em que se encontre ou da pessoa tê-lo lido ou não. Então
"dois mais dois é igual a 4" pode ser chamado um fato não-sectário. Da mesma forma, uma religião não é sectária quando é verdadeira. É um fato que Deus é o Ser Supremo e que todas as entidades vivas são Seus servos. Esta filosofia básica do Movimento para a Consciência de Krishna o torna não-sectário. Não propomos que se adore um novo Deus. Existe somente um Deus, um Senhor Supremo, não importando de como o chamemos. Deus tem milhões de nomes, o que é descrito pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu em seu
Sikshastaka (Oito Instruções sobre os Santos Nomes de Deus): "Ó meu Senhor, somente Teu Santo Nome pode dar toda bênção aos seres vivos, e por isso tens centenas e milhões de nomes, tais como Krishna, Govinda e outros". Dessa forma, então, o Movimento para a Consciência de Krishna não se restringe a um nome particular de Deus. O principal item é a rendição a Deus. Não é que a pessoa simplesmente diga "Ó, eu amo Deus" e continue a agir caprichosamente. Tal tipo de serviço verbal Jesus Cristo condena quando diz: "Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus". (Mateus, 7.21).
- Quer dizer, então, que não há diferença entre o que foi dito por Cristo e as arfimações de Krishna?
- Não há uma diferença de
qualidade, mas sim de
quantidade. No Velho Testamento Deus se revela como uma sarça ardente, um pombo, uma coluna de fogo a noite, uma nuvem de dia e assim por diante, mas Ele não se manifesta como é. Deus, o Pai, permanece uma voz nas alturas. O próprio Jesus Cristo disse: "Vós nunca ouvistes a Sua voz nem vistes a Sua face... Não que alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem de Deus, esse viu o Pai" (João, 5.37; 6.46). Na Bíblia temos Deus descrito como grande, em cólera, terrível, infinatamente temível, todo-poderoso, o Pai Eterno, o alfa e o ômega, e assim por diante. Mas a personalidade todo atrativa de Deus continua sem explicação. Quais são as opulências de Deus? Quais são as Suas atividades? Como é a Sua morada? Como é Ele próprio? Quais são Suas variadas manifestações? Especificamente, como Ele cria? Como Ele penetra em Sua criação? Estas e muitas outras perguntas nunca foram feitas ou respondidas na Bíblia, devido ao tempo, cultura e circunstâncias nas quais ela foi compilada. Todavia, o propósito essencial do Cristianismo e da Consciência de Krishna é o mesmo. A diferença está na quantidade. Há alguma diferença entre um dicionário de bolso e um enciclopédico? Sim e não. No dicionário de bolso encontramos somente uma ou duas definições básicas, enquanto que no enciclopédico temos dúzias de definições e nuanças. A literatura Védica dispõe da mais completa informação sobre Deus.
- Os devotos de Krishna comemoram o Natal?
- Na verdade celebramos o Natal todos os dias do ano, porque toda a nossa vida é dedicada a glorificar o Senhor e Seu devoto puro, Shrila Prabhupada. Não devemos pensar no Natal como um simples dia de receber presentes. Pelo contrário, devemos vê-lo como uma oportunidade de presentear ao Senhor e Seu devoto puro. Afinal de contas, foram os Reis Magos que vieram e presentearam a Cristo: não ocorreu o contrário. O presente de Cristo foi a sua própria presença, o seu aparecimento no mundo diariamente, e isso implica em darmos a Deus todos os dias. Isso quer dizer dar-Lhe toda a nossa vida e tudo o que possuímos. Se assim o fizermos nunca seremos perdedores. Antes, ganharemos milhões de vezes. Este também é o ensinamento de Jesus Cristo.
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Fontes: Jornal Desafio Espiritual